Artigo: O cidadão de bem e o lar de Hades

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Por: Prof. Sergio A. Sant’Anna

O conceito elencado pelo bolsonarismo, emerso das profundezas abissais da língua, “cidadão de bem”,  carrega em sua estrutura etimológica o fel ancorado no ódio exposto por essa nefasta corrente ideológica. Esta que escancara a polarização criada outrora. O “cidadão de bem” nasce da necessidade da busca ao poder. A criação hegemônica de uma corrente que congrega em seus alicerces alguns que autointitulam-se como cristãos, os latifundiários, megaempresários e inúmeros cidadãos aglomerados no cerne a certeza na meritocracia e na exclusão daqueles que não compactuam das suas imperfeitas “verdades”.

Anunciam a mentira como forma de tapar a verdade e esconder o que de mais sórdido possuem. Apostam na difusão do caos para que dessa forma possam esconder os seus podres poderes, e quando chamados para o campo do debate escorregam diante de seus argumentos que vociferam a violência e escancaram a pobreza cultural ao tentar buscar um argumento para defender tanta inverdade. Uma agremiação que a todos métodos ilícitos recorrem em busca da perpetuação no poder.

Estamos diante de uma legião que carrega em seu DNA a marca da exclusão, o espírito xenofóbico de outrora, o desejo de sempre ter mais; escancaram às diferenças e a inflação, elevando o número de famintos no Brasil, que não é um problema para os mesmos, pois o individualismo é a essência desses intitulados “cidadãos de bem”. Este procura a arma como forma de defesa, desprezando o Estado a quem ele procura comungar. Não respeita à Justiça buscando exaltar, em qualquer manifestação, o fechamento do Supremo e do Congresso, o retorno do Regime Ditatorial, beirando ao devaneio ao tentarem conservar o atual presidente da República diante do chefiar deste golpe. De fato, a cultura não é o forte do cercadinho, haja vista, às declarações do Chefe da Nação e sua manada. Porém, enganam-se os que deduzem não ser esta uma estratégia. A burrice é sim um argumento. E para isso contam cada vez mais com um número alarmante de seguidores.

A expressão “cidadão de bem” é típica daqueles que almejam o estímulo à diferença, o escancarar do preconceito, a exultação de alguns em relação aos demais. Enquanto o maniqueísmo estoura no Brasil, estes que deveriam trabalhar pela paz são gratos pelo palanque que possuem. Para assim aumentarem sua riqueza, perpetuarem-se no poder e dessa forma colocarem para debaixo do tapete toda corrupção que os cerca. É lamentável enxergarmos um País destruído por palavras que escancararam o abismo social. Pobre Pátria que se afugenta diante de um péssimo líder, que em seus vocábulos semeia o ódio e esconde suas falcatruas.

Que os próximos quatro anos sejam de paz, que o Amor renasça e este “cidadão de bem” que aí está desfilando diante das atrocidades cometidas, seja esquecido e tragado para o reino de Hades.

*Prof. Sergio A. Sant’Anna – Professor de Redação nas Redes Adventista e COC em SC e jornalista.

**Os artigos publicados com assinatura não manifestam a opinião de O Defensor. A publicação corresponde ao propósito de estimular o debate dos problemas municipais, estaduais, nacionais e mundiais e de refletir as distintas tendências do pensamento contemporâneo.

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